terça-feira, 12 de outubro de 2010

PAPO DE PASSARIM: O GLOBO/RJ


RIO - No início de sua carreira, Renato Braz tinha como referência o canto de Zé Renato. Hoje, ambos são referências na interpretação da melhor música brasileira. Da música que ultrapassa modismos de ocasião, pose ou receitas preestabelecidas. E o encontro dos dois em "Papo de passarim" (Biscoito Fino), gravado ao vivo no teatro Fecap, não teria como não resultar em disco de extremo bom gosto.
Acompanhados apenas pelo contrabaixo de Sizão Machado, Braz e Zé Renato dividem, além das vozes, violões e percussões em um formato enxuto em que os espaços são ocupados de forma abrangente por suas vozes encorpadas, de timbres diferenciados e divisões precisas.
E o repertório só contribui para o trabalho, em que até regravações mais óbvias como a faixa que junta "Kid Cavaquinho" e "De frente pro crime", de João Bosco e Aldir Blanc, ganham novos coloridos em arranjos simples e criativos.
O encontro entre o paulista Braz e o capixaba Zé Renato começa com um cheirinho de Minas na parceria de Zé com Milton Nascimento "Ponto de encontro", em que o duo de vozes ressalta a aura barroca da canção. Na sequência, "Adiós felicidad" só ressalta a universalidade do trabalho da dupla.
Paulo César Pinheiro é reverenciado em quatro faixas, duas em parceria com Wilson das Neves, "Um novo amor chegou" e "O dia em que o morro descer e não for carnaval", e duas com Dori Caymmi, "Rio Amazonas" e "Desenredo".
A dupla brilha também em "A saudade mata a gente", de João de Barro e Antonio Almeida, "Capoeira de Arnaldo", de Paulo Vanzolini, e na canção que dá nome ao disco, de Zé Renato e Xico Chaves. Mais do que um papo, uma longa conversa de dois canários da MPB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE SEU RECADO,BJS